segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Análise Call of Duty: Black Ops 3


No que depender do mundo dos games, o futuro dificilmente será um período no qual veremos muitas comemorações. Quer exemplos? Basta observar o que foi mostrado nos títulos mais recentes da série Call of Duty para ter uma ideia de que muitas guerras envolvendo tecnologia estão por vir, além de destruição e muito sofrimento. Logo, as coisas não podiam ser diferentes com Call of Duty: Black Ops 3.

Call of Duty: Black Ops 3 é o primeiro título da Treyarch a se aproveitar do novo ciclo de três anos de desenvolvimento (algo que foi possível desde que a Sledgehammer Games, que trabalhou em Call of Duty: Advanced Warfare, se uniu ao time que lida com a franquia), e isso foi o bastante para que muitos ficassem como uma pergunta na cabeça: isso ajudou, de alguma forma, a tornar este game melhor que os antecessores? As respostas podem ser encontradas a seguir.

De “Zé Ninguém” a herói 
Como nos títulos mais recentes de Call of Duty, em Black Ops 3 você será enviado novamente a um confronto no futuro, mais precisamente em 2065. Como muitos já sabem, não estamos no controle de um soldado convencional (como aconteceu na trilogia Modern Warfare ou no primeiro Black Ops), pois estamos lidando com uma nova Guerra Fria, na qual ter supersoldados com poderes de manipular máquinas e até mesmo de invadir as mentes de pessoas que tiveram chips implantados em seus cérebros é a chave para a vitória.

É no controle de um deles que temos a oportunidade de acompanhar os eventos de Call of Duty: Black Ops 3. De cara, temos aqui um ponto que pode fazer com que muitos torçam o nariz: em vez de controlar um soldado com identidade (como Soap MacTavish em Call of Duty 4: Modern Warfare ou mesmo Alex Mason no primeiroBlack Ops), o jogo nos dá a liberdade de criar um avatar que pode até ficar longe de ser um boneco genérico por conta das opções de personalização – que são poucas, é verdade, e interferem apenas no rosto dele.



Algo muito ruim? Particularmente, acho que o jogo ganha mais vida quando o personagem que você está controlando tem uma identidade, e até mesmo os diálogos se tornam mais dinâmicos (a ausência de um nome faz com que você ouça “recruta” várias vezes ao longo da jornada). Isso está longe de ser algo que pode estragar a campanha, mas é o tipo de mudança que pode fazer incomodar.
Por falar em campanha… 
A Treyarch sempre foi conhecida por entregar boas histórias em seus games (World at War está bem longe de ser um jogo ruim, Black Ops abriu um novo arco – além de ser considerado por muitos como o título que tem um dos melhores enredos da série – e Black Ops 2 manteve o nível do antecessor), mas parece que as coisas ficaram um pouco abaixo do esperado em Call of Duty: Black Ops 3.

Não que a campanha seja algo totalmente descartável: você ainda vai se divertir e até mesmo se surpreender com algumas reviravoltas. Há umas sacadas interessantes, como o fato de que algumas fases lidam com memórias e elementos que não são tão reais assim (uma delas, por exemplo, o leva para a Segunda Guerra Mundial e permite enfrentar soldados nazistas e zumbis. Sim, zumbis, mas não vamos contar os motivos disso para não dar spoilers).

A opção de fuzilar inimigos cooperativamente (algo que é muito bem-vindo), porém, é um pacote que faz traz a esse título a história mais fraca do arco Black Ops.



Outro ponto que merece ser citado é o fato de que não há uma conexão direta entre os eventos deste game e do antecessor. Quem jogou Modern Warfare certamente se lembra que os três games possuíam ligação e uma sequência entre os seus eventos, e até mesmo o Black Ops original e sua continuação seguiram por esse caminho. Já Black Ops 3, por sua vez, limita-se a fazer uma breve menção a Raul Menendez, o vilão do título anterior, em uma de suas fases. Só isso: todo arco que foi construído no passado ficou limitado a uma breve citação do nome do personagem que, de um jeito ou de outro, aprendemos a detestar alguns anos atrás.

Se ainda podemos adicionar mais um dado nessa conta com elementos que poderiam ter sido mais trabalhados seria o elenco do game. Dificilmente você vai encontrar algum personagem que realmente caia no seu gosto, seja por sua história ou por seu posicionamento diante dos eventos do jogo (eu, por exemplo, livraria apenas a cara de Sarah Hall e de John Taylor da relação), e isso é algo que conta muitos pontos em um Call of Duty, especialmente quando observamos um elenco de secundários que já teve nomes como Woods (Black Ops), Ghost (Modern Warfare 2), Gaz (Modern Warfare) e muitos outros.

Fechando esse pacote, também temos a dublagem do game, que ainda passa aquela sensação de que merecia um pouco mais de capricho, mas, vamos lá, até cumpre o seu papel de permitir que possamos acompanhar tudo em nosso idioma de forma satisfatória. Entretanto, é impossível não perceber que há diversos erros de sincronia entre aquilo que ouvimos e o movimento da boca dos personagens, isso sem contar alguns momentos no qual o som do ambiente se sobressai às falas. É, Treyarch, desse jeito fica difícil.

Correndo contra o tempo 
Se a campanha conta com seus altos e baixos, há um ponto no qual a Treyarch acertou: como estamos no controle de soldados com habilidades melhoradas, temos a oportunidade de colocar isso à prova em um modo intitulado Jogo Rápido.




Aqui, o objetivo é basicamente correr pelo cenário ao mesmo tempo em que se tenta superar todos os obstáculos o mais rápido possível. É uma verdadeira prova de velocidade na qual o menor dos erros faz com que você perca segundos preciosos. Não seguir as coordenadas indicadas faz com que uma penalidade brote na tela.

Aliás, talvez a melhor forma de classificar esse modo seria um triatlo cibernético. Além de correr, em alguns percursos (aliás, é válido dizer que há quatro pistas disponíveis, cada uma com uma dificuldade diferente) o personagem também deve nadar e atirar contra alvos que estão indicados no cenário, testando todas as suas competências em um curto espaço de tempo.

No fim, Jogo Rápido é uma opção que vale a pena conferir e na qual é possível perder vários minutos em busca do melhor tempo, especialmente quando observamos que há um placar global para deixar o seu nome e a sua melhor marca registrada para que todos possam ver e tentem superar.

Estourando miolos 
Quem conhece a hsitória da Treyarch deve se lembrar que a empresa foi a responsável por introduzir um modo contra zumbis lá atrás, em Call of Duty: World at War. A adição foi comemorada por muitos e acabou se popularizando nos jogos produzidos pelo estúdio, portanto, era de se esperar que ela também marcasse presença em Call of Duty: Black Ops 3 (aliás, após finalizar a campanha, você tem acesso ao modo Pesadelo, que troca os inimigos por comedores de cérebro).




Como em Call of Duty: Black Ops 2, a opção contra as criaturas do além conta com uma história para guiar a matança desenfreada de zumbis. Aqui, estamos em uma cidade fictícia da déicada de 40 e temos a possibilidade de controlar quatro personagens: uma garota considerada “femme fatale”, um mágico, um policial e um boxeador. Todos eles acabam se encontrando num determinado momento após a volta daqueles que não foram e, ao perceber que possuem uma marca estranha na mão, decidem unir forças para descobrir o que está rolando.

Diferente do modo envolvendo zumbis do game anterior, aqui não há uma série de ações para fazer dentro de um prazo de tempo (como pegar um ônibus, encontrar itens e por aí vai). Na verdade, no início você está em uma área limitada e deve investir parte da sua pontuação para desbloquear novos caminhos que não vão apenas aumentar o seu espaço de locomoção, mas também dar acesso a novas armas e, evidentemente, dar prosseguimento à história.

Devemos admitir que essa opção é bem divertida, seja por conta da matança propriamente dita ou dos extras encontrados nas andanças. Um deles, por exemplo, são as máquinas de chiclete (Gobblegun) espalhadas pelos mapas. Ao comprar um deles e utilizá-lo, o persoangem ganha poderes especiais temporários que são bem úteis na hora do aperto, sem falar nos itens derrubados pelos mortos-vivos, como multiplicadores, uma bomba que manda todas as criaturas para o inferno e outros.

Ainda sobre Gobbleguns, será possível obter novas opções na Fábrica de Dr. Monty. Ao acessá-la, será preciso usar Liquid Divinum em um dos três slots da máquina e aguardar o resultado. Há chances de obter algumas variantes mais raras para o personagem, e, obviamente, isso só é possível de acordo com a quantidade do líquido que é investida em cada visita ao local. Mais um ponto para mantê-lo aqui por mais tempo em busca da melhor combinação.

Desbravando o online 
A essa altura, muitos já devem estar se perguntando sobre a modalidade online, um dos carros-chefes de qualquer Call of Duty. Para quem jogou outros títulos da divisão Black Ops, Black Ops 3 ainda conta com o sistema Pick 10, no qual é preciso escolher 10 itens para compor o seu personagem, sejam eles armas, acessórios, granadas e outras melhorias. Entretanto, essa não é a maior das novidades, mas sim o sistema de Especialistas.




Eis aqui um ponto no qual a Treyarch tentou inovar e conseguiu, com louvor, adicionar algo diferente à fórmula que já era conhecida por muitos. Com a opção de Especialistas, os jogadores controlam personagens com alguns poderes definidos em vez de avatares genéricos. A lista inicial conta com quatro opções iniciais (Ruin, Battery, Outrider e Prophet), e outras cinco são liberadas conforme você evolui (Seraph, Nomad, Reaper, Spectre e Firebreak).

Cada uma delas possui duas habilidades diferentes (é preciso escolher uma antes de ir para a partida), e o fato de elas não se repetirem em nenhuma das opções é o que deixa tudo ainda mais divertido. Confesso que, por conta minha preferência por arco e flecha, optei por desbloquear primeiro Outrider com a sua habilidade Falcão, que permite utilizar o equipamento para disparar projetéis que explodem ao atingir uma superfície. Entretanto, a lista inicial possui opção para todos os gostos, seja você um jogador que gosta de eliminar multidões, se esconder, ter mais defesa ou ficar afastado do calor da batalha.

Entretanto, é apenas nesse ponto no qual percebemos diferenças entre os personagens. Não há restrição de armas, auxílios ou acessórios que cada um pode usar, deixando-o livre para escolher a opção que se enquadra melhor no seu perfil de combate. Com o suporte do sistema Pick 10, as possibilidades de como cada um dos Especialistas pode aparecer no campo de batalha são inúmeras, e dificilmente você vai achar uma que seja idêntica à sua.

Online? Quase isso 
Temos aqui um conjunto que funciona muito bem para o multiplayer: personagens variados para dar uma diversificada no que vemos no campo de batalha, o sistema Pick 10, mapas amplos e bem variados (todos eles contam com pontos para correr pelas paredes, áreas mais abertas para usar rifles de precisão e até mesmo trechos fechados que são propícios para metralhadoras e escopetas) e 10 modos de jogo, sendo dois deles inéditos (Transmissão e Proteção). Entretanto, falta o principal: servidores funcionando.

 



Bem, não que eles estivessem desligados durante os nossos testes ou qualquer coisa do gênero, mas quem se arriscou durante o fim de semana de lançamento certamente percebeu que é bem difícil aproveitar o multiplayer do game. O primeiro problema é que o sistema de matchmaking não encontra uma partida rapidamente, e muitas vezes é preciso ficar vários minutos esperando uma vaga em alguma sala – e, convenhamos, esperar muito tempo é algo chato.

Tudo bem se o problema fosse só a espera, mas ainda há uma outra bola que deve ser lançada ao ar: quando você encontra uma partida, raramente vai poder curti-la como deveria, pois o lag apresentado é absurdo. Para se ter uma ideia, muitas vezes encontrei inimigos no mapa e passei a atirar na esperança de que eles tombassem diante dos meus pés. Porém, qual não era a minha surpresa ao ver que, segundos depois, eu estava caído e o oponente, que eu enxergava à frente, estava na verdade nas minhas costas?

Outro ponto que vale ser mencionado é que não é difícil ver jogadores perdendo a conexão com os servidores. Durante o fim de semana, fiz alguns testes de casa e, de umas dez partidas que tentei jogar, fui desconectado de seis. Um detalhe: eu não era o único, pois outras pessoas, inclusive de outros países, estavam reclamando do mesmo.

É de se esperar que a Treyarch e a Activision resolvam esse problema o quanto antes (para o bem do jogo), mas enquanto isso não acontece a impressão é de que temos um jogo que, ao menos nesse sentido, precisava de um pouco mais de cuidado, ainda mais quando vemos que muitas pessoas sequer passam pela campanha de um Call of Duty, concentrando-se apenas no mata-mata desenfreado contra outros jogadores.

Vale a pena? 
Call of Duty: Black Ops 3 está longe de ser um jogo que deve ser condenado a um canto escuro no meio daqueles games que você não quer ver a cara. Sua campanha, apesar de não brilhar tanto quanto a dos outros dois jogos que compõem essa trilogia, é capaz de divertir e proporcionar o desafio que muitos esperam ao longo de suas 11 missões. E não, isso não é um spoiler, já que tal informação aparece livremente para quem quiser ver no menu do jogo.




Entre as novidades, temos aqui a adição da opção Jogo Rápido, que promete testar as habilidades daqueles que gostam de competir contra o tempo. A modalidade de combate contra zumbis, por sua vez, vem com o brilho que era esperado e certamente será a responsável por manter a atenção de muitos por um bom tempo.

O multiplayer, em contrapartida, ainda não chamou a atenção que deveria por conta dos problemas de conexão (afinal, o sistema de Especialistas e a variedade dos mapas contam pontos a favor dessa opção). Claro, isso é algo que a Treyarch certamente vai se esforçar para corrigir o mais rápido possível, mas, tendo em vista que houve um ciclo de desenvolvimento de três anos, entregar um jogo com problemas como esse é algo que certamente irritou (e vai irritar enquanto não for corrigido) muitos jogadores.



Se você curtiu os Call of Duty: Black Ops anteriores, possivelmente vai concordar quando digo que esse é mais fraco se comparado aos outros dois. Mesmo assim, ainda é um jogo que vale a pena ser conferido, e desde já fica a torcida para que a Infinity Ward consiga melhorar a imagem da série em seu próximo game – que certamente será Call of Duty: Ghosts 2, como ficou claro no final de Call of Duty: Ghosts.



75PC
Bom
Call of Duty: Black Ops 3 está longe de ser ruim, mas a impressão que fica é de que a Treyarch deveria ter caprichado um pouco mais no pacote.


outras plataformas

  • 75
    PS4
  • 75
    XBOX ONE


pontos positivos

  • O modo contra zumbis continua viciante e divertido
  • O sistema de Especialistas adiciona uma nova dinâmica para o multiplayer
  • O modo Jogo Rápido aparece como um bom passatempo para aqueles que querem algo novo
  • Possibilidade de jogar a campanha novamente com zumbis


pontos negativos

  • A história do jogo não tem muita conexão com os antecessores
  • Há problemas de sincronização entre falas e movimento da boca do personagem
  • Quando publicamos a análise, o modo multiplayer não estava funcionando como deveria
  • Apenas dois modos inéditos no multiplayer

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